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N LITE Anuncia “Chiure: Child of the Sea” – Uma Nova Animação Inspirada no Folclore Moçambicano





A empresa de mídia N LITE anunciou oficialmente, nesta quarta-feira, sua mais nova produção animada: "Chiure: Child of the Sea", um filme inspirado no rico folclore de Moçambique. O longa está sendo desenvolvido no estúdio da empresa no Japão, em colaboração com o estúdio sul-africano LUCAN, marcando mais uma etapa no movimento conhecido como "AFRIME" – animações afrocentradas em estilo anime, produzidas com ênfase em histórias negras e indígenas.

A revelação foi feita com o lançamento de um visual promocional, exibindo a arte conceitual da personagem-título Chiure, mergulhada em um ambiente marinho místico. A obra celebra os 50 anos da independência de Moçambique, ocorrida em 25 de junho de 1975, e integra o calendário oficial de lançamentos da N LITE após a estreia de MFINDA, seu primeiro longa "AFRIME".


Sinopse: Uma conexão ancestral com o oceano

De acordo com a descrição oficial da empresa, “Chiure: Child of the Sea” narra a jornada de uma jovem corajosa chamada Chiure, que vive em uma pequena comunidade litorânea em decadência. A vila enfrenta o colapso ambiental e social, com o mar que outrora fornecia sustento e vida agora cada vez mais árido e esquecido.

Chiure descobre que possui uma conexão antiga com o oceano, transmitida por gerações, e desperta o poder de um antigo deus da água, adormecido sob a terra por séculos. A partir desse vínculo espiritual, ela parte em uma jornada para proteger seu povo, restaurar a harmonia com a natureza e confrontar forças antigas e modernas que ameaçam sua existência.

A história se inspira em lendas e elementos do folclore moçambicano, resgatando mitos tradicionais, símbolos culturais e o legado oral africano. O objetivo é apresentar uma narrativa que transcende a fantasia para abordar temas reais como identidade, ecologia, colonialismo e resiliência cultural.


Equipe criativa

A roteirista principal do projeto é Vanessa dos Santos, que também divide os créditos da história com Christiano Terry e Clayton Koski. Vanessa é uma roteirista moçambicana reconhecida por seu trabalho em roteiros que mesclam crítica social e mitologia africana contemporânea.

O diretor de arte do projeto é Christiano Malik Terry, fundador da N LITE, que também atua como produtor executivo. Ele tem se consolidado como uma figura importante no movimento de animação afrocentrada, utilizando o estilo visual do anime para contar histórias africanas com sensibilidade e profundidade.

O artista responsável pelas aquarelas da animação é Tom Lintern, que imprime um estilo visual fluido e etéreo à ambientação marinha da história.


Chiure sucede MFINDA: o primeiro AFRIME

“Chiure: Child of the Sea” é o segundo grande projeto da N LITE dentro do selo AFRIME, termo cunhado pela empresa para se referir a suas produções em animação 2D desenhada à mão, com estética anime e protagonismo negro e indígena. O primeiro projeto com esse selo é MFINDA, atualmente em fase final de produção, também no Japão.

MFINDA conta com uma equipe internacional de peso. O roteiro é escrito por Donald H. Hewitt (roteirista da versão em inglês de A Viagem de Chihiro), Mika Abe (Forest of Piano) e Patience Lekien, criadora da obra original. Lekien e Christiano Terry são também os autores da história-base.

A produção de MFINDA envolve grandes nomes como:

  • Viola Davis e Julius Tennon, através da produtora JuVee Productions

  • Melanie Clark, chefe de cinema da JuVee

  • Tarō Maki, da Genco, Inc.

  • Eric Beckman, da distribuidora GKIDS

O longa está sendo dirigido pelo lendário animador japonês Gisaburō Sugii (Touch, Jack to Mame no Ki, Night on the Galactic Railroad), com Arthell Isom, do estúdio D’Art Shtajio, atuando como co-diretor. A coprodução conta ainda com GKIDS, uma das principais distribuidoras de animação independente nos Estados Unidos.

Outro nome ilustre envolvido é Masao Maruyama, produtor de Tokyo Godfathers e Summer Wars, que atua como produtor de MFINDA.


Expansão criativa da N LITE

A N LITE não está limitando sua atuação apenas a AFRIME. A empresa também trabalha em diversos projetos internacionais com grandes parceiros. Entre os destaques:

  • “Ripper”: um suspense noir animado

  • “Hotaru”: uma série de aventura sci-fi

Ambos estão sendo produzidos em parceria com GONZO, tradicional estúdio japonês, e com Peter Ramsey, codiretor do premiado Homem-Aranha no Aranhaverso, vencedor do Oscar.

Além disso, a divisão N LITE Japan está desenvolvendo novos projetos baseados em propriedades intelectuais (IP) de anime e mangá, sinalizando uma ambição de ampliar sua atuação também no mercado tradicional da animação japonesa.


Um estúdio com missão cultural

A N LITE tem como missão central elevar narrativas negras e indígenas ao palco global, utilizando a linguagem universal da animação. Segundo Christiano Terry, fundador da empresa, a visão é criar uma plataforma onde vozes historicamente marginalizadas possam contar suas próprias histórias, com autenticidade, beleza e impacto cultural.

O selo AFRIME é uma resposta criativa e política à hegemonia eurocêntrica e asiática na indústria da animação, propondo uma estética nova, mas com raízes profundas no patrimônio cultural africano e afro-diaspórico.

A combinação entre talento africano, produção japonesa e colaborações globais permite que essas histórias tenham apelo internacional sem perder sua identidade cultural.


Conclusão

O anúncio de Chiure: Child of the Sea marca um passo importante para a consolidação do movimento AFRIME na animação global. Ao unir elementos do folclore moçambicano com a estética sofisticada do anime japonês, a N LITE oferece ao público uma nova forma de vivenciar histórias africanas — sensíveis, mitológicas e politicamente relevantes.

A escolha da data — 25 de junho — para o anúncio do filme reforça seu caráter simbólico, prestando homenagem ao cinquentenário da independência de Moçambique, e estabelecendo um compromisso com a valorização da cultura africana através da arte.

Com uma equipe multicultural, foco narrativo poderoso e visual encantador, Chiure tem tudo para se tornar uma obra marcante, tanto pela inovação estética quanto pela potência de sua mensagem.

A N LITE mostra que o futuro da animação pode (e deve) ser mais diverso, inclusivo e representativo. Projetos como Chiure e MFINDA são pioneiros nessa transformação — e os olhos do mundo estarão voltados para eles.

fonte: https://www.animenewsnetwork.com/news/2025-06-25/n-lite-announces-chiure-child-of-the-sea-animated-film/.226007